EDUCAÇÃO FÍSICA
Luta não é violência: a importância das lutas nas aulas de
Educação Física
Tenho quase certeza de que o assunto a ser trabalhado neste
texto é bastante estranho para muitas pessoas. Isso porque as lutas raramente
são trabalhadas no contexto escolar. Sob um olhar mais próximo ao senso comum,
as lutas costumam ser sinônimos de brigas e de derramamento de sangue. A
intenção deste texto é desmistificar essa ideia e mostrar de que modo a luta se
constitui como uma prática de atividade física interessante para a escola.
É importante dizer que as lutas são um conteúdo oficial da
disciplina de Educação Física, apresentado pelos Parâmetros Curriculares
Nacionais. Esse documento não apenas mostra as lutas como um conteúdo a ser
trabalhado, como também aponta alguns caminhos para que o professor leve essa
proposta ao aluno.
Entretanto, existem alguns argumentos que impedem que o
professor incite essa prática. O primeiro deles é a falta de vivência da
maioria dos professores com as lutas, ou seja, são poucos os que já lutaram
antes; o segundo é a preocupação com a violência que se imagina que as lutas
possam gerar. Uma coisa que alunos e professores precisam tomar consciência, é
que o professor não precisa saber fazer para saber ensinar. Existem meios para
que o professor possa trabalhar as lutas com os alunos sem tê-las praticado
antes.
É disso que falaremos agora: em primeiro lugar, é
interessante citar alguns tipos de lutas: judô, sumô, caratê, greco-romana,
jiu-jitsu e capoeira. É claro que existem outras lutas que não estão listadas
aqui, mas optei por restringir a lista apenas com o intuito de exemplificar.
Para o olhar mais leigo, como já disse, todas parecem iguais, mas se
analisarmos cada uma delas, perceberemos que elas têm objetivos diferentes.
Enquanto algumas pretendem derrubar o adversário, outras procuram a
imobilização e umas até o deslocamento do oponente de uma área delimitada. Ou
seja, você pode perceber que nenhuma delas tem a violência como finalidade.
Você também pode pensar a violência como consequência do
trabalho com as lutas, já que as crianças manteriam contato corporal intenso
durante a prática. Será que isso é verdade? Alguns estudiosos da área, como
Nascimento e Almeida em “A tematização das lutas na Educação Física escolar”
afirmam que a violência pode sim se apresentar como consequência das lutas, mas
também pode se apresentar durante a prática do futebol e do basquetebol, por
exemplo. Tudo depende de como o professor conduzirá a aula. Por isso, violência
não é desculpa para que as lutas não sejam trabalhadas na sua escola.
Ainda há uma pergunta a se fazer: como trabalhar os
diferentes tipos de luta com os alunos, se o professor não sabe a técnica? Ora,
há recursos pedagógicos que permitem que isso seja feito. A pesquisa teórica
sobre os diferentes tipos de lutas pode fazer alunos e professor aprenderem as
técnicas e objetivos das lutas; vídeos das diferentes lutas podem apresentar e
demonstrar a prática da luta e, a partir dela, o professor pode trabalhar
brincadeiras que se pareçam com a prática feita sob regras oficiais; por
último, as discussões sobre a teoria, a prática e os materiais audiovisuais são
fundamentais para o crescimento do aluno e para um retorno para o professor.
Portanto, deve-se pensar que um professor de Educação Física
não sabe todas as regras e nem todos os movimentos fundamentais de todos os
esportes. Isso parece óbvio, já que são muitos os conteúdos para trabalhar com
os alunos, mas não é: como a maioria das aulas de Educação Física é ministrada
a partir da prática, muitos conteúdos interessantes não são trabalhados com os
alunos, porque o professor não sabe fazer. Por isso, não cobre que seu
professor saiba fazer tudo: o que ele precisa é saber ensinar!
Por Paula Rondinelli
Colaboradora Brasil Escola
Graduada em Educação Física pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP
Mestre em Ciências da Motricidade pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP
Doutoranda em Integração da América Latina pela Universidade de São Paulo - USP
Colaboradora Brasil Escola
Graduada em Educação Física pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP
Mestre em Ciências da Motricidade pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP
Doutoranda em Integração da América Latina pela Universidade de São Paulo - USP
Nenhum comentário:
Postar um comentário